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Cemitério do Machico, Madeira

1. INTRODUÇÃO

É do conhecimento público, que a realização de espaços cemiteriais, no concelho de Machico, urge, não só pela lotação do actual cemitério, mas sobretudo pelo aumento do crescimento populacional, associado a um crescente desenvolvimento que se tem vindo a realizar no concelho.

Infelizmente, em Portugal, salvo rarísimas excepções, os espaços cemiteriais não se enquadram numa classificação de espaços onde seja exigida qualidade e a sua falta de manutenção acentua a degradação e provoca o afastamento psicológico das pessoas em relação aos cemitérios.

A necessidade de construir um novo Cemitério em Machico, levou a que se equacionassem vários aspectos, não só económicos, mas também de escolha dos modelos a implantar. Pretende-se que o investimento camarário, na aquisição do terreno e nos custos da obra assegurarem a resposta às necessidades das próximas décadas, através de uma solução arquitectónica de qualidade, tendo como preocupação, minimizar futuros encargos de manutenção e de exploração.

2. MODELO DE CEMITÉRIO

A Câmara Municipal de Machico, entidade promotora, entendeu que este investimento deveria responder a um conjunto de solicitações pelo que apresentou uma proposta concreta de solução e modelo, a várias entidades, no sentido de acolher críticas e informações de modo a delinear um programa final de projecto para a realização da obra.

Gerindo algum consenso e no sentido de salvaguardar os valores mais tradicionais da população de Machico, delineou com coragem, um modelo misto de soluções cemitariais, que se materializam pela execução de soluções tradicionais e novas, através da utilização de jazigos pré-fabricados de betão armado, agrupados em jazigos enterrados e em jazigos verticais.

A solução arquitectónica, decorrente de um programa elaborado, contempla a execução de obras faseadas, que serão realizadas de acordo com as necessidades imediatas e com os orçamentos disponíveis para a sua execução.

3. DESCRIÇÃO GERAL DO PROJECTO GLOBAL

3.1. ACESSO AO CEMITÉRIO

Dadas as características morfológicas do terreno nos limites do Cemitério, com declives muito acentuados, executados em aterros a quando da construção da Estrada Regional e pela necessidade de ter uma estrada que permita o acesso de um autocarro de turismo ao interior do Cemitério, foi decidido pela Câmara Municipal, após proposta do projectista, que o novo acesso a criar seria executado com concordância à estrada regional, à cota 270.00, pelo que será necessário a aquisição de duas parcelas de terrenos dos prédios vizinhos ( prédios vizinhos n.º 42 e n.º 92 ).

A execução desta solução contempla ainda a realização de uma serventia ( para o prédio vizinho n.º 42 ), permitindo a libertação de terreno, na zona Norte do Cemitério, para a construção de três talhões de sepulturas tradicionais nos socalcos localizados.

Este acesso permite a realização de uma estrada com 6,00 m de largura, com uma inclinação aproximada de 12%, a realização de uma zona de estacionamento com 2,5 de largura e dois passeios laterais com 1,00 m de largura.

3.2. PRAÇA

A estrada de acesso ao Cemitério termina à cota 260.50 m, que é a cota da zona de chegada, com uma geometria quadrada ( 24m x 23 m ) que define a praça de acolhimento.

A praça de acolhimento, é assim, o ponto central do Cemitério de onde se efectua o acesso por rampas aos parterres superiores do Cemitério Tradicional e aos parterres inferiores com sepulturas e nichos tipo DUWE.

Esta praça permite a realização de uma zona de estacionamento para o autocarro e ainda a possibilidade das viaturas particulares poderem inverter o sentido da marcha.

3.3. EDIFÍCIOS

À cota 260.50 m, emergem três edifícios, Portaria, Serviços Administrativos e Capelas Mortuárias. Os edifícios foram estudados de forma a que as cotas altimétricas da sua implantação originassem o mínimo de escavações para a realização das suas fundações e também a optimizarem e permitirem a concordância altimétrica com os diversos níveis a vencer nos percursos interiores do cemitério.

3.4. EDIFÍCIO A – CAPELAS MORTUÁRIAS

O edifício das Capelas Mortuárias, pela sua volumetria, destaca-se como edifício principal, sendo orientado contra o muro de suporte dos talhões superiores do cemitério de modo a que sejam reduzidos os custos da realização de grandes muros de suporte.

O edifício da Capela é concebido num único piso, que abriga no seu interior um átrio coberto onde se abre um grande rasgo sobre a magnífica vista que se pode desfrutar, uma antecâmara interior que serve de hall de distribuição para as capelas, as instalações sanitárias e a sacristia. Os espaços das capelas funerárias terão duplo pé direito, com entrada de luz superior.

3.5. EDIFÍCIO B – SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS E PORTARIA

À entrada da Praça, localiza-se um pequeno edifício de portaria, com uma instalação sanitária. O outro edifício é destinado aos serviços administrativos e desenvolve-se em três pisos, destinados a uma recepção com um acesso por escada ao piso da sala dos administrativos com o apoio de uma instalação sanitária de pessoal.

A iluminação desta sala faz-se por uma grande janela que dá sobre o pátio / jardim inferior.

No piso mais inferior, será reservado um espaço para abrigar quatro câmaras frigorificas, com instalação sanitária própria, cuja entrada será efectuada à cota do caminho de acesso aos talhões tipo Duwe.

3.6. EDIFÍCIO C – SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO

No projecto, o edifício da manutenção foi implantado na zona poente do cemitério, numa área em que o lote forma um pequena península, razão para se poder instalar o estaleiro e a zona de recolha de lixos. O edifício da manutenção permite a criação de dois portões que impedem a passagem dos visitantes às duas áreas acima descritas.

O edifício é constituído por dois pisos servidos por um átrio a meio piso, onde se pode descer para as instalações sanitárias do pessoal ou subir para a zona da sala de refeições e cozinha. Na continuação do piso inferior existe um espaço para arrumos de máquinas e equipamentos, que se prolonga sobre a zona de estaleiro, ao ar livre.

3.7. CEMITÉRIO TRADICIONAL

O Cemitério Tradicional é constituído por três parterres, localizados na zona mais elevada do Cemitério, servidos por uma rampa que se lança da praça até à cota 265.00 m ou por uma escadaria lateral à capela. A servidão entre os diversos parterres será efectuada por escadarias.

Cada um destes parterres tem um caminho longitudinal central abrigando nos seus dois lados os espaços para inumação temporária.

Capacidade do Cemitério Tradicional:

Talhão 1 39 Sepulturas Temporárias

Talhão 2 45 Sepulturas Temporárias

Talhão 3 53 Sepulturas Temporárias

Total 137 Sepulturas Temporárias.

3.8. TALHÕES DE SEPULTURAS E NICHOS TIPO DUWE

Os talhões de sepulturas e nichos tipo Duwe localizam-se na zona Sul do Cemitério, desenvolvendo-se por parterres desnivelados entre si por 2,50m.

Cada um destes parterres é constituído por um pequeno edifício de instalações sanitárias, uma zona para tratamento de flores, um edifíco de nichos de betão armado com três módulos em altura, um espaço de circulação com 2,75 m e um talhão de sepulturas perpétuas executadas em aterro.

Capacidade do Cemitério Tipo DUWE :

Talhão 4 140 Sepulturas Perpétuas + 90 nichos Extram-Terram

Talhão 5 140 Sepulturas Perpétuas + 90 nichos Extram-Terram

Talhão 6 140 Sepulturas Perpétuas + 90 nichos Extram-Terram

Talhão 7 140 Sepulturas Perpétuas + 90 nichos Extram-Terram

Talhão 8 119 Sepulturas Perpétuas + 90 nichos Extram-Terram

Talhão 9 140 Sepulturas Perpétuas + 90 nichos Extram-Terram

Total 819 Sepulturas Perpétuas + 540 nichos Extram-Terram.

Conclui-se assim que o Cemitério terá uma capacidade total para 938 inumações.

Localização: Machico, Madeira Arquitectura e Paisagismo Carlos Fazenda, Fundações e Fundações e Estruturas Fernando Duarte, Águas e Esgotos Grade Ribeiro, Electricidade Ruben Sobral