Ampliação do Cemitério de Valongo
O Projecto que se apresenta é fruto de uma evolução projectual concertada, definida em reuniões sequenciais com a Junta de Freguesia e com a Câmara Municipal de Valongo.
O desafio arquitectónico elaborado neste Projecto, pretende claramente a construção de um cemitério-integrado paisagisticamente na cidade, onde a componente natural, os percursos e a materialidade das soluções a utilizar minimizam o impacto da construção, mantendo a permeabilidade do solo criando um ambiente único.
A Área do cemitério actual é de 10.417,66 m2 e a área da nova ampliação localizada mais a Este é de 7.601,85 m2.
O projecto adoptou-se às premissas definidas tendo sido contemplado as seguintes 4 áreas de intervenção:
1) Antes demais importa frisar que este Parque de Estacionamento é à longa data uma necessidade imperiosa da Cidade de Valongo. A razão não se prende apenas com o Cemitério ou com a realização de Funerais mas também com a inexistência de estacionamento em momentos de cerimónias na Igreja de Valongo. O Projecto contempla um estacionamento duplo longitudinal com duas vias de circulação em sentido único com uma ilha central de estacionamento em espinha. A lotação de estacionamento deste Projecto é de 60 lugares de estacionamento, 2 lugares de Deficientes e 3 lugares de estacionamento para Carrinhas Funerárias.
A Zona de Estacionamento prolonga-se pela alameda pedonal de acesso ao Cemitério e à Igreja. Este percurso é rematado pela torre de elevador e pela escadaria de acesso à zona da Igreja. Prevê-se que esta alameda pedonal abrigue 3 construções com programas de Lojas de apoio ao Cemitério (Floristas, acessórios e velas). Por outro lado desenhou-se no muro de transição de cota entre o cemitério e o parque de estacionamento, desmaterializado o mesmo muro em dois, um caminho importante de ligação entre o estacionamento e o futuro crematório, um percurso que se pretende quase de nível, sobre a natureza e que passa sobre a linha de água através de uma ponte de madeira não efémera.
O elevador serve três níveis, a alameda pedonal, referida anteriormente, um segundo de acesso à plataforma da Igreja e ainda um terceiro nível inferior para o interior do cemitério. O conjunto que forma a torre do elevador define um par de acessos encerráveis quando o cemitério está fechado ao Público. Em suma em horas de enceramento do cemitério o elevador não tem acesso ao piso inferior e um portão ao nível do piso intermédio da torre encerra o espaço cemiterial.
2) Na génese da implantação da nova área cemiterial está a direcção da linha de água que gera um espaço não ortogonal relativamente à geometria do actual cemitério. Este espaço em corredor determinou a criação de 4 parterres desnivelados entre eles cerca de 1,00 m que são servidos por rampas que cumprem a legislação de pessoas de mobilidade condicionada.
O primeiro parterre tem cota concordante com o actual cemitério e acessível por duas entradas para a praça triangular de acerto das duas geometrias existentes.
Para além da rampa justaposta ao conjunto de muros que compõe o limite da zona edificandi da linha de água, existe uma escadaria central longitudinal que atravessa todos parterres do cemitério.
Cada parterre contém um programa de inumação realizado com edifícios de nichos extram-terram, sepulturas enterradas de 4 níveis de inumação, edifícios de ossários e lugares para a construção de capelas jazigos.
O último parterre, o de cota mais elevada encerra-se numa praça com duas frentes de edifícios de nichos de inumação deixando na traseira do edifício mais a Noroeste o jardim remate do cemitério e a construção da Box-Culvert sobre a linha de água
3) Cumprindo a legislação em vigor e as outras condições da Agência Portuguesa do Ambiente, o projecto foi desenvolvido cumprindo rigorosamente a não construção ou vedação na faixa de 5 metros de largura, continua ao leito da linha de água, assim como a não alteração da topografia existente de todos os muros de pedra existentes, prevendo-se que em obras e realize uma limpeza total de todos o mato existente, preservando ainda todas as árvores em especial os três sobreiros existentes e ainda a introdução de outras de acordo com o estudo paisagístico desenvolvido.
4) Por fim o Crematório cuja solução arquitectónica tem como implantação o espaço compreendido entre o limite edificável da linha de água e muro do vizinho localizado a Sudeste.
Atendendo à geografia do terreno, em encosta e de inclinação longitudinal, a solução estruturou-se por criar um parterre inferior de nível onde emerge o programa térreo do Crematório. Os acessos são pedonais da Rua João de Deus para a cobertura do edifício e daí através de escada ou pelo núcleo de elevador para o interior inferior.
Viariamente o acesso é feito por rampa exterior de declive acentuado e restrito a carrinhas funerárias e deficientes.
O Crematório constitui-se por 3 volumes interiores que formam o espaço de recepção/entrada, a Capela/Sala de Despedida e outro Técnico, a Sala de Cremação. A solução arquitectónica do crematório assenta no princípio de rotação e encaminhamento do público dentro do edifício fazendo com que o percurso não cruze pessoas de diferentes funerais. O átrio de recepção abriga as Instalações Sanitárias e os acesso, ora verticais ora horizontais. Verticalmente através do elevador e Horizontal através das entradas da praça e do percurso pelo jardim exterior de ligação ao parque de estacionamento através de um túnel interior que passa sobre a rampa de acesso viário. A geometria da sala de despedida é um pentágono perfeito cuja luz se permite através do grande lanternim e pelo Jardim Zen que se propõe no espaço resultante de encosto aos muros existentes.